Agora eu sou tudo aquilo que você não vê.
Sou fotos que se foram, status que se perderam, lembranças que são cada vez menos lembradas.
Éramos um presente que queria ser futuro mas que agora não passa de passado. Um tempo perfeito ou imperfeito, talvez apenas tempo.
Sou palavras sozinhas, quase sem sentido. Um tanto quanto ignoráveis. Som mudo, platéia sem espetáculo, obra de arte sem artista, um pé sem chão.
Assim sou eu, assim estou eu.
Um desafio ambulante, quase sem norte, quase sempre sem rumo, às vezes contido e na maior parte do tempo sem sentido.
Agora eu sou um. Um sem nós, um sem eles, um sem ela, um sem ninguém, apenas um em um mundo repleto de uns, mas que nenhum soma agora.
O tempo passa nesse momento por mim, eu o vejo, o sinto, mas não o quero. Quero voltar, talvez até mesmo antes de tudo acontecer. Quero entrar na fila de novo, ser o acaso perdido, o novo esperado.
O corpo está forte como nunca, mas a mente está aos pedaços, fraca.
Nós talvez nunca mais, talvez nunca, talvez nada, talvez talvez.
Nós sem nós nos conformamos tão facilmente. Não era para ser assim.
Ou era, não somos mágicos, alquimistas do tempo ou donos de jóias de poder. Nós somos o que somos, agora sem sermos nós.
Apenas dois "um" que não se somam mais.